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Presidente dos EUA, Donald Trump. Foto: Official White House Photo by Daniel Torok |
Os 11
parlamentares de oposição que assinam o documento encaminhado à Casa
Branca acusam o republicano de “claro abuso de poder” e afirmam que ele
está usando “a economia americana para interferir em favor de um amigo”,
referindo-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Escrevemos
para expressar sérias preocupações sobre o claro abuso de poder presente em sua
recente ameaça de iniciar uma guerra comercial com o Brasil. (…) Interferir no
sistema legal de uma nação soberana estabelece um precedente perigoso, provoca
uma guerra comercial desnecessária e coloca cidadãos e empresas americanas em
risco de retaliação”, apontam.
Os senadores
também argumentam que uma retaliação do Brasil aumentaria os custos de vários
produtos para famílias e empresas americanas. Destaca que o país importa mais
de US$ 40 bilhões por ano do Brasil – sendo US$ 2 bi só de café – e que o
comércio bilateral sustenta cerca de 130 mil empregos nos EUA.
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Além disso,
a aproximação crescente do Brasil e outros países com
a China também é citada como uma grande preocupação:
“Usar todo o
peso da economia americana para interferir nesses processos em favor de um
amigo é um grave abuso de poder, enfraquece a influência dos EUA no Brasil e
pode prejudicar nossos interesses mais amplos na região. (…) Uma guerra
comercial com o Brasil também aproximaria o país da República Popular da China
(RPC) em um momento em que os EUA precisam combater agressivamente a influência
chinesa na América Latina”.
Nesta
sexta-feira (25), uma comissão de senadores brasileiros embarca para os Estados
Unidos, em busca de abrir um canal de negociações no território americano sobre
o “tarifaço”. No entanto, segundo o jornalista Valdo Cruz, a equipe do
presidente Lula ouviu que Trump não autorizou o diálogo da Casa Branca com o
Brasil.
Um dia antes,
nesta quinta-feira, um novo ponto de polêmica foi adicionado aos embates entre
os dois países. O encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no
Brasil, Gabriel Escobar, manifestou o interesse do governo norte-americano
nos minerais críticos e estratégicos do Brasil.
Em
discurso, Lula defendeu a soberania do Brasil sobre suas riquezas
naturais e afirmou:
“Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para
proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger.
E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, disse o
presidente.
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Leia a íntegra da carta abaixo:
“Prezado Presidente
Trump,
Escrevemos para
expressar sérias preocupações sobre o claro abuso de poder presente em sua
recente ameaça de iniciar uma guerra comercial com o Brasil. Os Estados Unidos
e o Brasil têm questões comerciais legítimas que devem ser discutidas e negociadas.
No entanto, a ameaça de tarifas feita por sua administração claramente não se
refere a isso. Tampouco se trata de um déficit comercial bilateral, já que os
EUA tiveram um superávit de US$ 7,4 bilhões em bens com o Brasil em 2024 e não
registram déficit comercial com o país desde 2007.
Na verdade — como o
senhor afirma explicitamente em sua carta ao presidente brasileiro Luiz Inácio
Lula da Silva — a ameaça de impor tarifas de 50% sobre todas as importações do Brasil e a ordem
para que o Representante de Comércio dos EUA inicie uma investigação sob a
Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 têm como principal objetivo forçar o
sistema judiciário independente do Brasil a interromper a acusação contra o
ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Interferir no sistema legal de uma nação soberana
estabelece um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e
coloca cidadãos e empresas americanas em risco de retaliação. O Sr. Bolsonaro é
um cidadão brasileiro sendo processado nos tribunais brasileiros por ações
alegadamente cometidas sob jurisdição nacional. Ele é acusado de tentar minar
os resultados de uma eleição democrática no Brasil e de planejar um golpe de
Estado.
Usar todo o peso da economia americana para
interferir nesses processos em favor de um amigo é um grave abuso de poder,
enfraquece a influência dos EUA no Brasil e pode prejudicar nossos interesses
mais amplos na região. O anúncio de sua administração em 18 de julho de 2025,
de sanções de visto contra autoridades judiciais brasileiras envolvidas no caso
do Sr. Bolsonaro, indica — mais uma vez — a disposição de sua administração em
priorizar sua agenda pessoal em detrimento dos interesses do povo americano.
Suas ações aumentariam os custos para famílias e
empresas americanas. Os americanos importam mais de US$ 40 bilhões por ano do
Brasil, incluindo quase US$ 2 bilhões em café. O comércio entre EUA e Brasil
sustenta cerca de 130 mil empregos nos Estados Unidos, que estão em risco
diante da ameaça de tarifas elevadas. O Brasil também prometeu retaliar, e o
senhor prometeu retaliar em resposta — o que significa que os exportadores
americanos sofrerão e os impostos sobre importações para os americanos
aumentarão além do nível de 50% que o senhor ameaçou.
Uma guerra comercial com o Brasil também
aproximaria o país da República Popular da China (RPC) em um momento em que os
EUA precisam combater agressivamente a influência chinesa na América Latina.
Empresas estatais e ligadas ao Estado chinês estão investindo fortemente no
Brasil, incluindo vários projetos portuários em andamento. Recentemente, o
China State Railway Group assinou um Memorando de Entendimento para estudar um
projeto ferroviário transcontinental.
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Essas considerações
não são exclusivas do Brasil. Em toda a América Latina, a RPC está trabalhando
para ampliar sua influência por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota. Estamos
preocupados que suas ações para minar um sistema judicial independente apenas
aumentem o ceticismo em relação à influência americana na região e deem mais
credibilidade à agenda de autoridades e empresas estatais chinesas. A mesma
tendência também está ocorrendo no Leste e Sudeste Asiático.
Os objetivos
principais dos EUA na América Latina devem ser o fortalecimento de relações
econômicas mutuamente benéficas, a promoção de eleições democráticas livres e
justas e o combate à influência da RPC. Instamos o senhor a reconsiderar suas
ações e a priorizar os interesses econômicos dos americanos, que desejam
previsibilidade — não outra guerra comercial”.
Atenciosamente,
Tim Kaine, Senador dos Estados Unidos
Jeanne Shaheen,
Senadora dos Estados Unidos
Adam B. Schiff,
Senador dos Estados Unidos
Richard J. Durbin,
Senador dos Estados Unidos
Peter Welch,
Senador dos Estados Unidos
Kirsten Gillibrand,
Senadora dos Estados Unidos
Mark R. Warner,
Senador dos Estados Unidos
Catherine Cortez
Masto, Senadora dos Estados Unidos
Michael F. Bennet,
Senador dos Estados Unidos
Jacky Rosen,
Senadora dos Estados Unidos
Raphael Warnock,
Senador dos Estados Unidos“
Fonte: g1
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