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foto:Reprodução |
O presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, elevou a tensão diplomática com o Brasil ao
anunciar, nesta quarta-feira (9), uma tarifa de 50% sobre todos os produtos
brasileiros exportados aos EUA. A medida entrará em vigor a partir de 1º de
agosto de 2025 e foi comunicada formalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da
Silva por meio de uma carta.
No documento,
Trump atribui parte da decisão a razões políticas, citando o ex-presidente Jair
Bolsonaro e tecendo duras críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Para o
republicano, o julgamento de Bolsonaro é uma “vergonha internacional”.
Sem
apresentar evidências, Trump afirma que a imposição da tarifa está ligada a
supostas ações do Brasil contra valores democráticos. Ele acusou o país de ter
promovido ataques contra a liberdade de expressão, alegando que o STF emitiu
“centenas de ordens de censura secretas e ilegais” a plataformas de redes
sociais norte-americanas, ameaçando-as com multas milionárias e até expulsão do
mercado brasileiro.
A medida de Trump acontece após meses de campanha de Eduardo
Bolsonaro, que está nos EUA usando a proximidade ideológica com o presidente
norte-americano para fazer acreditar que o julgamento do STF contra o golpismo
de seu pai é arbitrário e que o Brasil não é um regime democrático. A eleição
do republicano foicomemorada por bolsonaristas como o governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
Alcance da nova tarifa de Trump
De acordo com
a carta enviada ao governo brasileiro, a taxa de 50% será aplicada de forma
ampla, abrangendo “todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas aos
Estados Unidos”, independentemente de outras tarifas já existentes por setor ou
produto.
A decisão
representa um aumento expressivo nas tensões comerciais entre os dois países e
se soma a outras ações recentes de Trump contra nações que, segundo ele, mantêm
práticas injustas ou desrespeitam os valores democráticos defendidos pelos EUA.
O anúncio da nova tarifa ocorre em um momento de crescente
atrito entre os governos de Trump e Lula, acentuado pelas declarações
frequentes do presidente norte-americano em defesa de Jair Bolsonaro. Nos
últimos dias, Trump utilizou suas redes sociais para classificar as
investigações contra o ex-presidente brasileiro como “caça às bruxas” e exigir
que ele “seja deixado em paz”.
A nova medida
tarifária, portanto, vai além da esfera econômica e ganha contornos claramente
políticos, com potencial de afetar diretamente o comércio bilateral e as
relações diplomáticas entre os dois países nos próximos meses.
Enquanto isso, o governo brasileiro ainda não se pronunciou
oficialmente sobre o conteúdo da carta nem sobre eventuais medidas de resposta
à nova tarifa imposta por Washington.
Leia carta na íntegra:
9 de julho de 2025
Sua
Excelência
Luiz
Inácio Lula da Silva
Presidente
da República Federativa do Brasil
Brasília
Prezado Sr. Presidente:
Conheci
e tratei com o ex-Presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a
maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tem tratado o
ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante
seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse
julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar
IMEDIATAMENTE!
Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições
livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos (como
demonstrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu
centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social
dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de
mídia social brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do
Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas
para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes.
Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão
sujeitas a essa tarifa mais alta.
Além disso, tivemos anos para discutir nosso relacionamento
comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito
injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não
tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de
ser recíproco.
Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria
necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E
é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual. Como
o senhor sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do seu país,
decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato,
faremos tudo o possível para aprovar rapidamente, de forma profissional e
rotineira — em outras palavras, em questão de semanas.
Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas,
qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que
cobraremos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir
os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil,
que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos.
Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança
nacional!
Além disso, devido aos ataques contínuos do Brasil às atividades
comerciais digitais de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais
desleais, estou instruindo o Representante de Comércio dos Estados Unidos,
Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação da Seção 301 sobre o
Brasil.
Se o senhor desejar abrir seus mercados comerciais, até agora
fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas tarifas, políticas não
tarifárias e barreiras comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste
nesta carta. Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo,
dependendo do relacionamento com seu país. O senhor nunca ficará decepcionado
com os Estados Unidos da América.
Muito
obrigado por sua atenção a este assunto!
Com os melhores votos, sou,
Atenciosamente,
DONALD
J. TRUMP
PRESIDENTE
DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
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