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Foto/Reprodução |
Os brasileiros de bem ficaram
chocados com as cenas vergonhosas protagonizadas na Comissão de Infraestrutura
do Senado nesta terça-feira (27), em que senadores ofenderam seguidamente a
ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que teve que se defender sozinha.
Conhecida
por sua tolerância, Marina chegou ao seu limite e foi obrigada a retirar-se do
recinto, em sinal de protesto.
“Não
sou submissa”, disse, antes de sair.
O
principal tema de desentendimento foi a proposta de pavimentação da BR-319,
estrada federal que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM).
Marina
deixou a sessão depois que o líder do PSDB, senador Plínio Valério (AM), que já
havia ofendido a ministra em março, afirmou que pretendia separar a mulher da
ministra porque a primeira merecia respeito e a segunda, não. Marina disse que
só continuaria na comissão se houvesse um pedido de desculpas. Plínio se
recusou.
Em
março, Plínio disse ter vontade de enforcar a ministra. “Imagine o que é
tolerar a Marina 6 horas e 10 minutos sem enforcá-la?”, disse o senador sobre a
participação de Marina em audiência na CPI das ONGs.
Em
outro momento tenso da sessão, o presidente da comissão, senador Marcos Rogério
, disse à ministra: “Ponha-se no seu lugar”.
Antes
de sair, a ministra ainda teve que ouvir ameaça por parte do presidente da
comissão, Marcos Rogério (PL-RO), que disse que poderia convocá-la para prestar
esclarecimentos. Desta vez, ela foi como convidada, com presença facultativa.
Se convocada, Marina será obrigada a comparecer.
No
auge da discussão, a ministra teve sua fala interrompida ou seu microfone
cortado.
“Na pasta de
Meio Ambiente, debate da [rodovia BR] 319 virou um debate em cima de um bode
expiatório. Esse bode expiatório chama-se Marina Silva. Eu saí do governo em
2008. De 2008 para 2023, quantos anos? Quinze anos. Por que as pessoas que são
tão dadas às coisas concretas não fizeram a BR? Mas existe um bode expiatório
que, mesmo durante 15 anos, continuou sendo bode expiatório para esconder a
incompetência daqueles que fazem promessas e não cumprem. Isso é concreto. (…)
Por que o governo Bolsonaro não fez? E eu posso dizer mais: quando eu saí de um
pequeno trecho, que eram aqueles trechos das cabeceiras, que nós deixamos a
licença pronta fazer aquele processo que já é uma área consolidada. Foi feito
esse trecho? Agora que está sendo feito”.
“Esse é o meu
lugar. E é um lugar que eu ocupo não por
ser ministra, mas por ter compromisso com essa agenda desde que me entendo por
gente. E talvez eu só esteja no ministério porque tenho esse compromisso e essa
prática. Então, o meu lugar em primeiro lugar é o de defender o meio ambiente.
E ao defender o meio ambiente, eu estou defendendo o combate a pobreza. Ao
defender o meio ambiente eu defendendo o agronegócio. Ao defender o meio
ambiente eu estou defendendo a indústria. Ao defender o meio ambiente eu estou
defendendo os interesses estratégicos do Brasil. Porque hoje tudo passa pelo
meio ambiente. Esse é o meu lugar”.
“As licenças
na nossa gestão aumentaram significativamente, mesmo em comparação com governos
que diziam que iam arrebentar a porteira. Posso dizer uma coisa? Entre 2023 e
2025 já foram dadas cerca de 1250 licenças. Das mais de duzentas licitadas,
mais da metade para a Petrobras. Só que licença dada não é enxergada. Só são
enxergadas aquelas que nós pedimos pra que melhore os projetos”
“Saí fortalecida. Eles não
conseguiram me intimidar. Não tem como intimidarquem tem uma causa”
“O
que não pode é alguém achar que porque sou mulher, preta, vai dizer qual é o
meu lugar. Meu lugar é onde todas as mulheres devem estar”
“Eu
não posso aceitar que digressões sejam feitas de forma desrespeitosa com o
trabalho do Ministério do Meio Ambiente, com o trabalho que minha equipe faz de
forma técnica, com compromisso ético, e muito menos que alguém venha me dizer
que eu tenho que me colocar no meu lugar”.
“O senador que
já disse que era muito difícil ficar 6h 10 (ele contou até os minutos) sem me
enforcar… hoje ele chega lá, em uma sessão em que eu fui convidada como
ministra do Meio Ambiente, ele começa dizendo que ia fazer uma separação
entre a mulher e a ministra, que a mulher deveria ser respeitada e a ministra,
não. Eu não fui convidada lá por ser mulher. Eu fui convidada por ser ministra”.
“Como
convidada, dei a chance de que ele pedisse desculpas, e aí eu permaneceria na
reunião. Como pessoas que não respeitam a democracia, não respeitam as
mulheres, não respeitam os indígenas, não respeitam o povo preto, não são
afeitos a pedir desculpas, ele disse que não iria se desculpar.
Obviamente eu me retirei da audiência. Mas estou aberta ao debate, ao diálogo”.
Do Icl notícias
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